Boas vindas





O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.


Clarice Lispector


sexta-feira, 29 de julho de 2011

Parnasianismo

Características gerais
  • Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as palavras raras e rimas ricas.
  • Objetividade e impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas como são e acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posição combate o exagerado subjetivismo romântico.
  • Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de compromisso, e se justifica por sua beleza. Faz referências ao prosaico, e o texto mostra interesse a coisas pertinentes a todos.
  • Estética/Culto à forma: Como os poemas não assumem nenhum tipo de compromisso, a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeição formal a todo custo, e por vezes, se mostra incapaz para tal.
Aspectos importantes para essa estética perfeita são:
  • Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as rimas interpoladas.
  • Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos, composição dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no último verso.
  • Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas(versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas, etc.
  • Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes, sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de Oliveira.
  • Temática Greco-Romana - A estética é muito valorizada no Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos parnasianos recupera temas da antiguidade clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados na história e até mesmo objetos.
  • Cavalgamento ou encadeamento sintático (enjambement) - Ocorre quando o verso termina quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não terminou quanto à ideia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso de baixo. O verso depende do contexto para ser entendido. Tática para priorizar a métrica e o conjunto de rimas. Como exemplo, este verso de Olavo Bilac:
Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada
e triste. E triste e fatigado eu vinha.

Classicismo

O classicismo é um movimento cultural que valoriza e resgata elementos artísticos da cultura clássica (greco-romana). Nas artes plásticas, teatro e literatura, o classicismo ocorreu no período do Renascimento Cultural (séculos XIV ao XVI). Já na música, ele apareceu na metade do século XVIII (Neoclassicismo).
Características do Classicismo:

- Valorização dos aspectos culturais e filosóficos da cultura das antigas Grécia e Roma;
- Influência do pensamento humanista;
- Antropocentrismo: o homem como o centro do Universo;
- Críticas as explicações e a visão de mundo pautada pela religião;
- Racionalismo: valorização das explicações baseadas na ciência;
- Busca do equilíbrio, rigor e pureza formal;
- Universalismo: abordagem de temas universais como, por exemplo, os sentimentos humanos.

Principais representantes do Classicismo dos séculos XIV ao XVI:

- Na literatura destacou-se o escritor português Camões, autor da grandiosa obra Os Lusíadas. Podemos também destacar os escritores: Dante Alighieri, Petrarca e Boccacio.
- Nas artes plásticas, podemos destacar: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Andrea Mantegna, Claudio de Lorena entre outros.

Principais representantes do Neoclassicismo na música do século XVIII:

- Wolfgang Amadeus Mozart
- Joseph Haydn
- Ludwig van Beethoven 

Oficina Irritada Carlos Drummond de Andrade

Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.

Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.

Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.

Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.

Soneto Luís de Camões

Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Luis de Camões

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Encerramento aulas E. Paulo Freire

 

 Foi uma grande satisfação trabalhar com uma equipe comprometida, assídua e companheira.

 Parabéns.


 Não esqueçam.

 Dia 20 de julho no centro de eventos a formatura.


 

Pronomes 3/3

Pronomes 2/3

Pronomes 1/3

Pronomes interrogativos

São aqueles usados na formulação de perguntas diretas ou indiretas, referindo-se à 3° pessoa do discurso.

Qual é seu nome?

Os principais pronomes interrogativos são:

» invariáveis: quem, que

» variáveis: qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.

Pergunta direta:

A mãe perguntou: ― quem fez isso?

Pergunta indireta:

A mãe perguntou quem havia feito aquilo.

Nos dois casos o pronome interrogativo quem desempenha o mesmo papel.

Pronomes indefinidos

Pronomes indefinidos

Pronome indefinido é aquele que se refere à terceira pessoa do discurso de modo impreciso, indeterminado, genérico:

Alguém bateu à porta.

Todos cumpriram suas tarefas.

São pronomes indefinidos de:
·                     pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem;
·                     lugares: onde, algures, alhures, nenhures;
·                     pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a), nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s), cada.

Pronomes relativos

Pronomes relativos são aqueles que se referem a um termo anterior.

Veja o exemplo:

O perdão de todos, o qual agradeço, é importante pra mim.

Quadro dos Pronomes Relativos
Variáveis
Invariáveis
Masculino
Feminino
o qual
cujo
quanto
os quais
cujos
quantos
a qual
cuja
quanta
as quais
cujas
quantas
quem
que
onde

Pronomes demonstrativos

O pronome demonstrativo é aquele que indica a posição de um ser em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo ou no espaço.
Os demonstrativos combinam-se com as preposições de ou em, dando as formas deste, desse, disso, naquele, naquela, naquilo.

Emprego dos pronomes demonstrativos

» Usamos os demonstrativos esse, essa, isso em referência a coisa ou seres que estejam perto da segunda pessoa (o ouvinte).

Esse caderno que está na sua mesa é meu.

» Também empregamos esse, essa, isso para mencionar algo já dito no discurso.

Todos achavam que ele não havia se arrependido. Achavam isso porque ele não agia como tal.

» Usamos este, esta, isto em referência a coisas ou seres que se encontram perto da primeira pessoa (o falante).

Sempre que vejo esta carta lembro-me de você.

» Também empregamos este, esta, isto no discurso para mencionar coisas que ainda não foram ditas.

Só posso dizer isto: odeio você.

» Aquele, aquela, aquilo são usados quando as coisas ou seres estão longe do falante e do ouvinte.

Aquela obra não apresenta boa segurança.

Pronomes possessivos

São aqueles que indicam a posse de algo, estabelecendo uma relação entre o possuidor e a coisa possuída.

Minha casa está sendo reformada.












Emprego dos pronomes possessivos

Veja o exemplo:

“Meu carro estragou.”

Temos uma narração em primeira pessoa, em que o eu (personagem narrador) é o possuidor, o amigo (terceira pessoa, de quem se fala) é a coisa possuída.

» Há momentos em que os pronomes possessivos não exprimem a idéia de posse, mas indica respeito, aproximação, intimidade.

Meu senhor permita-me ajuda-lo.

Estamos orgulhosos por seus cinqüenta anos.

Escutávamos emocionados nosso Caetano Veloso.

» Antes de nomes que indicam partes do corpo, peças de vestuário e faculdades de espírito, não usamos o pronome possessivo.

Quebrei o braço. ( e não – Quebrei o meu braço.)

Pedro sujou a calça. ( e não – Pedro sujou a calça dele.)

Perdi os sentidos. ( e não – Perdi os meus sentidos.)



pessoa do discurso
pronome possessivo
1ª pessoa singular
meu, minha, meus, minhas.
2ª pessoa singular
teu, tua, teus, tuas.
3ª pessoa singular
seu, sua, seus, suas.
1ª pessoa plural
nosso, nossa, nossos, nossas.
2ª pessoa plural
vosso, vossa, vossos, vossas.
3ª pessoa plural
seu, sua, seus, suas[1]

Pronomes pessoais,oblíquos e pessoais de tratamento

Pronome pessoal

O pronome pessoal é aquele que indica as pessoas do discurso. Dividem-se em retos e oblíquos.

Os pronomes pessoais retos são: eu, tu, ele(a), nós, vós, eles(as)


Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos

São pronomes oblíquos átonos: me, te, o, a, lhe, se, nos, vos, os, as, lhes.

São pronomes oblíquos tônicos: mim, ti, ele, ela, si, nós, vós, eles, elas.

Os pronomes pessoais oblíquos tônicos são usados com preposição e os átonos, com formas verbais:

A mãe ansiosa esperava por mim.

A mãe esperava-o ansiosa.

Emprego dos pronomes pessoais

» Os pronomes pessoais retos funcionam como sujeitos de frases:

Eu vou à loja, talvez ele esteja lá.”

» Os pronomes pessoais retos nunca aparecem depois de uma preposição. Torna-se obrigatório o uso dos pronomes oblíquos:

Entre mim e ti há uma distância enorme.

» Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as exercem a função de objeto direto:

A enfermeira examinou-o.

» Os pronomes oblíquos átonos lhe, lhes exercem a função de objeto indireto.

O garçom oferece-lhe bebida.

» Antes de verbo no infinitivo só usamos eu e tu, jamais mim e ti.

Fizeram de tudo para eu me emocionar.

Fizeram de tudo para tu comprares a casa.

Pronomes pessoais de tratamento

Os pronomes de tratamento são aqueles que indicam um trato cortês ou informal, sempre concordam com o verbo na terceira pessoa.

Quando falamos diretamente com a pessoa, usamos o pronome de tratamento na forma Vossa.

Vossa Alteza precisa descansar.

Quando falamos sobre a pessoa, usamos o pronome de tratamento na forma Sua.

Sua Alteza retornará em breve.

Pronomes

Objetivos 
Ajuda-lo a estar preparado para vestibulares ou concursos, já que a língua portuguesa é matéria indispensável nessas provas. E o candidato ou estudante deverá ser perito no uso dos pronomes.

Pré-requisitos 
Vontade de aprender. Lembre-se que esse módulo é somente um complemento às suas pesquisas. Contribua para o seu aprendizado buscando exemplos diversos em outros compêndios.

Pronome 
É a palavra que acompanha ou substitui o substantivo, indicando sua posição em relação às pessoas do discurso ou mesmo situando-o no espaço e no tempo.

Os pronomes podem ser: 
» substantivos: são aqueles que tomam o lugar do substantivo.

Ela era a mais animada da festa. 
» adjetivos: são aqueles que acompanham o adjetivo. 
Minha bicicleta quebrou

Classificação dos pronomes

O pronome pode ser de seis espécies:

» Pronome pessoal

» Pronome possessivo

» Pronome demonstrativo

» Pronome relativo

» Pronome indefinido

» Pronome interrogativo

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Amor

Amor


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração para de funcionar
por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais importante da
sua vida.

Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso
entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o
dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos
encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de
ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um
presente divino: o amor.

Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais
que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a
outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las
com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer
momento de sua vida.

Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela
estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos
emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que
está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim,
tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... se você preferir
morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma
dádiva.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou
encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem
atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer
verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as
loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor.

Autor: Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 30 de junho de 2011

CORTAR O TEMPO

Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente
Carlos Drummond de Andrade

Não deixe o amor passar

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.
Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 28 de junho de 2011

Vocês já se imaginaram vigiados 24 horas por dia?

Marilu Machado
Marisa Garcia
O programa Big Brother que surgiu no final do século XX foi inspirado no romance 1984, escrito por George Orwell em 1948. Orwell nasceu em 1903. Foi um escritor de uma sinceridade incontestável e testemunha do que retratou em sua obra. Viveu como peão, criou galinhas e plantou legumes. Morreu em 1950. Tinha aversão do totalitarismo de todos os tipos e exploração das massas trabalhadoras. Dentre suas obras destaca-se “A revolução dos Bichos”. O livro 1984 narra a historia de pessoas que são vigiadas por um olho eletrônico, chamado o “Grande Irmão”, “Big Brother”, instalado em todas as ruas, igrejas, trabalho e casas, inclusive nos quartos. Todos os movimentos eram vigiados, até os pensamentos “o pior de todos os perigos era falar dormindo”. (Orwell, 1971, p. 64).
O “Grande Irmão” ou “Big Brother” era visto em cartazes e teletelas espalhadas pelo país. Ninguém nunca o viu pessoalmente, mas disseminado por todos os lados encontrava-se o slogan “O Grande Irmão zela por ti’. A confiança que o Grande Irmão passava conduzia o povo a acreditar em sua existência. As teletelas eram mais que uma televisão ou um computador, era um aparelho que enviava e captava voz e imagem, facilitando o controle dos cidadãos, (a tecnologia hoje se elabora cada vez mais para um controle dos consumidores.)
O horror disso era não saber em que momento os personagens estavam sendo vigiados. Os filhos eram treinados para delatarem qualquer gesto ou atitude dos pais ou vizinhos do prédio. “[...] as crianças eram sistematicamente atiradas contra os pais, e ensinadas a espioná-los e a denunciar os seus desvios. Dessa forma, a família se torna a extensão da Policia do Pensamento[...]”.(ORWELL, 1971, p. 126). O sexo só era permitido no casamento e com fins de cumprir as obrigações, a filosofia do partido era que “havia uma ligação direta e intima entre castidade e a ortodoxia política” (ORWELL, 1971,p.126) e “ não era apenas pelo fato do instinto sexual criar um mundo próprio, fora do controle do Partido e que, portanto devia ser destruído...” (ORWELL, 1971,p. 125). O país era dividido em megablocos (classes sociais), a única que não era vigiada era a prole, por não oferecer perigo. Os governantes nunca tiveram interesse em moldar as classes menos favorecidas, por julgarem que os pobres só querem ser felizes e morar onde nasceram.
A vida dos que transgrediam as regras se tornava igual a dos judeus no holocausto de Hitler ou os brasileiros no regime militar.
O BBB foi inspirado no romance de Orwel “1984” e transformou o que havia de crítica ao controle, em entretenimento, sucesso e dinheiro. O programa foi criado na Holanda em 1999 e depois foi vendido para outros países, entre eles o Brasil. No BBB são 14 participantes “confinados” em uma casa, vigiados por 30 câmeras, 24 h por dia. No Brasil teve sua estréia em 2002 e já chegou a 5ª edição. O prêmio disputado na ultima edição era de um milhão de reais. Nos momentos decisivos os programas bateram o Record de audiência. Como explicar tanto sucesso num programa que celebra e exalta a sociedade de controle?
As imagens passadas ao público não são ao vivo, mas editadas, o que possibilita o controle das imagens. È a “sociedade de controle” que dita e edita o que deve ser visto e ouvido pela massa, que “interage” toda semana e elimina um participante através de votação via telefone ou internet. Outro exemplo recente de manipulação de imagens e informações foi na guerra dos EUA e Iraque, onde o governo Bush montou uma rede de TV para gerar e monitorar as imagens da guerra e transmiti-la a todas as emissoras do mundo como a “verdade” absoluta.
No BBB existe uma inversão de valores. A vigilância é algo prazeroso. Os participantes buscam além do prêmio, o reconhecimento e a fama, todos aspiram à celebridade a qualquer custo mesmo que para isso passem por situações ridículas, como a cena deplorável em que os participantes passaram três dias usando orelhas de burro. Debord em a “Sociedade do Espetáculo” diz “[... ] nunca a tirania das imagens e a submissão alienante ao império da mídia foram tão fortes como agora. Nunca os profissionais do espetáculo tiveram tanto poder: invadiram todas as fronteiras e conquistaram todos os domínios – da arte à economia, da vida cotidiana à política-, passando organizar de forma consciente e sistemática o império da passividade moderna”.(DEBORD, 1997).
Situação como esta não é novidade. Já no século XVIII “os corpos eram tratados como objetos a serem moldados. O corpo é um objeto de investimento tão imperioso e urgentes: em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações”. (FOUCAULT, 1987, P. 118).
A sociedade nos controla, dita as regras e normas a serem seguidas. A nossa própria consciência nos controla, porque precisamos obedecer às disciplinas. “A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados ‘corpos dóceis’. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade e diminui essas mesmas forças em termos políticos de obediência’.) FOUCAULT, 1987, P. 119).
A vigilância que era vista com horror no romance “1984,” retorna agora como algo positivo, ligado à segurança. Os condomínios de luxo, as padarias, as farmácias todas são monitoradas por circuitos internos de TV. Os soldados brasileiros que o digam, mesmo em missão de paz no Haiti, são acompanhados por um sistema via satélite. Assim, podemos associar o Grande irmão à liderança invisível que as instituições exercem sobre os indivíduos.